O clima no mundo sempre variou naturalmente, tanto no tempo quanto regionalmente. Entretanto, estudos desenvolvidos desde a década de 1970 vêm demonstrando que um novo tipo de mudança do clima está acontecendo e que as atividades humanas têm muito a ver com ela. Um documento recentemente publicado pelo Painel Intergovernamental de Mudança Global do Clima – IPCC (sigla em inglês, pela qual é conhecido) diz que é muito provável (probabilidade maior que 90%) que o aumento de temperatura observado desde a metade do século XX seja resultado do aumento das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera provocado por atividades humanas (antrópicas). Tal documento diz que é esperado um aumento de temperatura de 0,2 ˚C por década neste século, mesmo se concentrações se mantivessem constantes no nível de 2000. Aumentos acima dos níveis atuais conduziriam a aumentos de temperatura, até 2100, na faixa de 1,8 ˚C a 4 ˚C, dependendo do cenário socioeconômico, o que, por sua vez, poderia acarretar um aumento do nível do mar, estimado entre 18 cm e 59 cm até 2100.
São as emissões históricas que, acumuladas na atmosfera desde a revolução industrial, determinam o aumento da temperatura; portanto, a responsabilidade dos países industrializados no aumento do efeito estufa é vastamente preponderante. Em termos de ações de mitigação de gases de efeito estufa, o Brasil tem muito a ensinar a outros países do mundo, inclusive àqueles com metas quantificadas de redução ou limitação de gases de efeito estufa. Historicamente, o país desenvolve ações importantes em termos de redução de emissões com o programa do uso de álcool combustível, maior programa mundial de uso de energia renovável em larga escala, ou com o predomínio quase absoluto da geração hidrelétrica na produção de eletricidade no Brasil. O país tem, indubitavelmente, vantagens comparativas por sermos um país tropical com grande disponibilidade de recursos hídricos e de terras para uso agrícola.
Ações recentes que incentivam a geração de energia elétrica utilizando energia renovável, com a construção de novas pequenas centrais hidrelétricas, geração eólica ou cogeração usando biomassa, em particular o bagaço-de-cana, com garantia da compra da energia gerada, têm sido implementadas. Também a indústria nacional tem atuado no incentivo às fontes renováveis, como o lançamento, em 2003, do carro com
flexibilidade para utilização de álcool ou outros combustíveis, em qualquer proporção ou em qualquer momento.
Por meio do MDL (Mecanismo de Desenvolvimento Limpo), projetos de reduções certificadas de emissão no Brasil geram reduções certificadas de emissões que serão utilizadas pelos países industrializados para cumprir suas metas no Protocolo. O MDL é, assim, uma oportunidade para que o Brasil participe do esforço global do combate à mudança do clima recebendo recursos externos e transferência de tecnologia
que permitirão a implantação de projetos de redução de emissões no país, formação de recursos humanos e geração de novos e melhores empregos, propiciando benefícios ambientais e mais qualidade de vida.
Deve-se lembrar que o principal problema no mundo relacionado às mudanças climáticas é a emissão de gases de efeito estufa decorrentes da queima de combustíveis fósseis na produção e consumo de energia. As emissões decorrentes de mudança do uso da terra e florestas é pequena em comparação com a queima de combustíveis fósseis; ainda assim, medidas de combate ao desmatamento no país estãvo sendo tomadas, conforme relatadas anteriormente, e há uma crescente tomada de consciência de que mais deve ser feito internamente nesse sentido.
Por todos esses motivos, o Brasil é responsável por uma pequena parcela das concentrações de gases de efeito estufa na atmosfera, considerando que os principais responsáveis pelas emissões históricas e atuais são os países desenvolvidos. Entretanto, é o compromisso histórico do Brasil com a geração de energia limpa, o qual foi incorporado como um aspecto de nossa cultura, que deve ser ressaltado e potencializado como a grande participação brasileira no combate ao aquecimento global.
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